
Incêndios: Agricultura aponta como prioridade reequipar 40 equipas de sapadores florestais
O ministro da Agricultura apontou ontem como uma das medidas prioritárias para 2011 o reequipamento de 40 equipas de sapadores florestais (ESF), dizendo que a aposta neste domínio atinge os dois milhões de euros.
António Serrano falava na Comissão Parlamentar de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas sobre incêndios florestais, que até 15 de outubro deste ano consumiram quase 129 mil hectares (mais 54,5 por cento do que em igual período de 2009), sendo que quase dois terços da área ardida é de mato.
O governante sublinhou que as condições climatéricas este ano foram das piores das últimas décadas e, embora admitisse que o clima não pode ser "alibi" para tudo, sublinhou que o tempo trouxe "dificuldades acrescidas", a par de incêndios de origem criminosa. Enfatizou ainda a boa resposta dos meios de combate a incêndios florestais.
Alargar o período de sensibilização para prevenção dos incêndios florestais e desenvolver o Plano Nacional do Uso do Fogo (controlado) foram outras das medidas anunciadas pelo ministro para 2011, que calculou que Portugal pode queimar por ano 15 mil hectares com recursos a técnicos especializados nesse campo.
A deputada Rita Calvário (BE) disse duvidar que o Governo cumpra esta meta, mercê da situação laboral destes técnicos, tendo o ministro garantido que, apesar de constrangimentos financeiros, a situação destes profissionais está salvaguarda no imediato.
"Apesar dos constrangimentos financeiros que não podemos ignorar, temos vindo a encontrar soluções", disse o ministro, que pretende criar mais 20 equipas ESF em 2011.
Aproveitar o voluntariado jovem para a defesa da floresta e a dinamização e divulgação de boas práticas na proteção florestal foram outras ideias deixadas por António Serrano, que salientou não "haver varinhas mágicas" na prevenção de incêndios, apelou ao contributo de todos os cidadãos na proteção da floresta e lembrou as restrições financeiras do seu Ministério.
Confrontado por vários deputados da oposição sobre os atrasos no pagamento das indemizações prometidas aos agricultores, no âmbito da alimentação animal, por causa dos incêndios florestais do verão, o ministro reiterou a intenção de efetuar tais pagamentos, apesar das dificuldades orçamentais num Ministério que tem vindo a saldar dívidas antigas, de anteriores governos.
Quanto às terras abandonadas, que em Portugal representam quase 1/5 do território florestal, o ministro negou que alguma vez tivesse falado em "expropriações", mas insistiu que o Estado tem de ter uma intervenção mais ativa neste domínio, prometendo a apresentação de uma proposta de lei do Governo sobre a questão do "banco de terras".
Segundo dados oficiais, entre 01 de janeiro e 15 de outubro deste ano arderam 128 842 hectares de floresta, contra 83 374 no ano passado.
Os 128 842 hectares registados este ano estão longe dos 425 657 e 337 766 verificados em 2003 e 2005, respetivamente, apesar da área ardida ser a maior dos últimos quatro anos.